38 anos depois, Jogos Regionais têm tudo para dar certo em São José

    Nei José, editor do portal SportVale

    A Farma Conde Arena será um dos palcos dos Jogos Regionais, que acontecerão de 3 a 13 de julho em São José – Foto: Claudio Vieira/PMSJC

    São José dos Campos já está em contagem regressiva para os Jogos Regionais. Depois de 38 anos, a cidade volta a receber a principal competição federativa regional do Estado. Mas a decisão da Prefeitura de abrigar os Jogos não ocorreu de forma natural, por assim dizer.

    Ela se deu, fundamentalmente, porque havia um impasse: nenhuma outra cidade se habilitou a receber a competição.

    Diante dessa situação, a Coordenadoria de Esportes do Estado chamou uma reunião com os representantes dos municípios para bater martelo em relação ao modelo deste ano, que teria que ser diferente.

    De início, como não havia mais tempo hábil para formalizar os convênios necessários para que os recursos financeiros chegassem a cidade sede, o Estado veio para a reunião com a proposta de realizar os Jogos aos finais de semana, entre agosto e setembro, de forma regionalizada.

    De cara, os municípios rejeitaram a ideia, alegando compromissos já assumidos com os atletas para o mês de julho, data original divulgada no calendário.

    Após discussões que se arrastaram por quase uma hora, São José apareceu como a tábua da salvação e se prontificou a receber 21 das 23 modalidades dos Jogos, com exceção de damas e xadrez, que acontecerão em Ferraz de Vasconcelos.

    A proposta joseense, embora não fosse a ideal, acabou prontamente aceita. No entanto, sem tempo suficiente para organizar alojamento em escolas para mais de 40 municípios, ficou decidido que cada um se encarregará do seu transporte e eventual acomodação. E é aí que mora o problema.

    Cidades mais distantes, como Cruzeiro e Caieiras, só para citar dois exemplos, encontrarão sérias dificuldades para confirmar sua participação. Vir e voltar, todos os dias, com suas equipes, é um grande desafio.

    Óbvio que o desgaste da viagem causa prejuízo técnico para as equipes. E o engarrafamento da Dutra nas primeiras horas da manhã? E como fica a alimentação dos atletas? A cidade pode querer optar por colocar seus atletas em hotéis ou pousadas, mas terá recurso para isso? É uma situação diferente para quem mora em São José, Jacareí, Caçapava e Monteiro Lobato, por exemplo.

    Diante desse cenário, é provável – e o Estado tem consciência disso – , que a participação das cidades na competição seja reduzida drasticamente. Especula-se que metade dos municípios não confirmará presença – a inscrição vai até 9 de junho.

    Em 2022, por exemplo, logo após a pandemia, os Jogos também aconteceram sem sede e houve uma enxurrada de desistências. Dos mais de 40 municípios da 2ª Região Esportiva do Estado, apenas 24 disputaram a competição.

    Fora todo esse problema de logística que afeta a grande maioria das cidades, São José agora corre contra o tempo para deixar tudo organizado. Também não é uma tarefa fácil. Embora a cidade conte com equipamentos elogiáveis, como a Farma Conde Arena e o Teatrão, só para citar dois exemplos, há toda uma preocupação com a logística da competição. Algumas modalidades têm especificidades próprias e deixar tudo em condição ideal requer planejamento e investimento.

    Fora o alojamento há outras despesas necessárias para a cidade que recebe os Jogos. Algo em torno de R$ 1 milhão. O Estado vai bancar uma parte? Ou a conta vai ficar só para São José pagar. Tudo isso ainda terá que ser equacionado.

    Passada essa fase, no entanto, vejo que a cidade que recebe os Jogos tem tudo para desfrutar desse momento. Uma competição como essa movimenta a cidade, motiva os atletas. Imagine competir sabendo que seus pais, demais familiares e amigos estão na arquibancada torcendo por você? Esse é o grande barato do esporte.

    Receber os Jogos depois de tanto tempo era um anseio da comunidade esportiva joseense. São José venceu as últimas 11 edições dos Regionais e as últimas 6 dos Jogos Abertos.

    Mas passados os primeiros obstáculos, a competição têm tudo para ser uma grande festa.